O recorte sociológico dos negros no brasil:
dos anos de 1950 aos dias atuais
Costa Pinto e Florestan
Fernandes definem basicamente que a figura do escravo, e apenas isso, teria
desaparecido com a abolição da escravatura. Para Costa, mesmo após esse
episódio da história os negros padeciam na sociedade devido aos anos de
martírio e exploração. Para ele a sociedade capitalista não acolhia esse ser
oriundo da escravidão, apenas o torna um negro-proletário. Havia ainda outra face,
a que continha a denominada “elite negra”, estabelecendo assim uma tensão entre
os próprios negros. Essa elite seria a responsável pela missão
conscientizadora, pois esta seria a que viveria na pele o racismo enraizado ao
enfrentar de igual para a igual a elite branca, confronto de elite para elite,
por vezes na mesma condição socioeconômica, mas acabava por ser a parte
perdedora. Já Fernandes que apesar de
ter a mesma visão de Pinto sobre o negro ser fruto da escravidão e não gozar de
preparação para viver em sociedade de maneira igualitária, se valia de certo
otimismo. Para ele as possibilidades de conflito que defendia o primeiro autor
seriam diluídas no processo de modernização da sociedade brasileira. O
preconceito racial seria passageiro, se instauraria a democracia racial. Em uma
outra frente, estava Guerreiro Ramos que dizia ser o preconceito no brasil um
problema de preconceito sócio-econômico e de cor ao invés de ser um problema
racial.
O que se pode observar na
atualidade são problemas também observados por esses sociólogos, mas ainda na
década de 1950, com pouca ou irrisórias mudanças em tempos atuais. Ao exemplo
dos gráficos de estudos que demonstram majoritariamente negros sofrendo com a
violência, realizando boa parte dos serviços no geral, trabalhando nos setores
agropecuários, liderando os gráficos de trabalhadores sem carteira assinada,
sendo os mais admitidos para serviços domésticos. Enquanto os brancos dominam
os setores de comércio, a indústria de transformação, a administração pública,
o funcionalismo público, maioria dos brancos tem suas carteiras assinadas e
também são absurdamente os maiores empregadores em relação aos
afrodescendentes. Ou seja, os negros continuam a sofrer com a diferença abissal
- em relação aos brancos – gerada por centenas de anos de exploração. No entanto,
não se podem negar os esforços realizados para que haja espaço para os
afrodescendentes. Como por exemplo, a instituição de cotas nas universidades.
Esta ação demonstra em números que houve um aumento significativo no ingresso
de negros à vida acadêmica, mas ainda assim, se comparado ao número de
acadêmicos no geral o número ainda é muito baixo – em torno de 16% apenas.
Conclui-se, portanto, que
ainda se fazem necessárias ações afirmativas, não apenas aos negros, mas em
especial à classe. Reconhecer que houve um atraso provocado e forçado de mais
de 300 anos é o ponto de partida para uma mudança que caminha ainda a passos
largos. Referências Bibliográficas: Limoncic, Flávio. História e Sociologia. v. 1 / Flávio Limoncic, Mônica Grin. - Rio de Janeiro: Fundação CICIERJ, 2013. 230 p.;19 x 26,5 cm. ISBN: 978-85-7648-548-3 1. História. 2. Sociologia. I. Grin, Mônica. II. Título.